O calcanhar de todo aluno de direito e profissional é esbarrar na temida PETIÇĀO INICIAL. Nela consiste o poder de obter seu direito através da provocação ao Estado inerte (juiz), em reivindicar seus direitos, tendo sua demanda atendida ou indeferida conforme o rito processual ordinário do NCPC.
Saindo da tecnicidade, o que vemos é certo “desespero” por parte de vários acadêmicos e novos profissionais do direito, conforme a sua aprovação no exame de ordem e sua inscrição no quadro de advogado. Segue, então, aquela busca infinita pelo conhecimento mastigado, ou seja, mapas mentais de outras pessoas, resumos, colinha dentre outras coisas para exigir menos esforço.
Conforme meu estudo progredia em relação à elaboração de peças em diversas oficinas espalhadas pela internet, percebi o quanto a preguiça aumentou exponencialmente, conforme o sistema EAD tomou conta. Realmente criamos um monstro do comodismo, pois a liquidez de informações, notícias e conteúdos são infinitas. Ou seja, a cada minuto tem alguma notícia, um artigo, o que apesar de ser importante estar informado e buscando atualizações, alguma coisa pode desviar o seu foco, levando a uma perda e uma flacidez de objetivo.
Alunos no final de curso, que possuem um conhecimento (sólido) dentre seus cinco anos de curso de direito, não podem esperar que o conhecimento simplesmente caia no seu colo como num passe de mágica. Entendo perfeitamente que a instituição deve ensinar praticamente tudo, porém, sabemos que a vida real é bem mais dura, e presenciamos a desqualificação do curso de Direito, conteúdos fracos, que não demonstra realmente como o direito é operado nos dias de hoje.
Deste modo, o aluno deve procurar além do que aprende no curso gradual, existindo centenas de cursos online, palestras, comissões da OAB para estudantes e profissionais que possam orientá-lo, ouviu bem? ORIENTÁ-LO! NÃO TE DAR MASTIGADO O CONHECIMENTO. Até porque conhecimento você aprende estudando e não recebendo colinha. Torna-se um futuro profissional mestre do Ctrl-C e Ctrl-V, sem ao menos saber uma estruturação, uma mudança na lei, por mero desleixo. Tudo isso porque foi acostumado em ser mimado e sempre ter alguém para te dar mastigado e simplificado. Uma fórmula mágica.
Criou-se um monstro no que tange elaborar uma peça processual, por isso o estágio num escritório é tão formador quanto uma instituição de ensino hoje, pois ensina à práxis forense com os olhos nus. Mostra como o direito do mundo real nos apresenta a cada dia, delimitado, objetivo, e sem enfeites, até porque a carga de processos no judiciário é enorme, e o “doutô” juiz não irá ler sua tese de 50 laudas. Infelizmente, não vai.
O direito em tarrae brasilis gerou o fenômeno do “multiverso do direito”, onde parece que existem mundos paralelos de aprendizado. Do mundo acadêmico e do mundo real, do mundo do exame de ordem e do pós-exame, entre outros. Inclusive o multiverso da petição, onde sabemos que funciona de um jeito y, sendo que fazem da forma z, juntando ao tão famoso comodismo. A maioria está sempre esperando receber uma “ajudinha de quem sabe”, pois é menos custoso, invés de procurar na lei crua, numa doutrina, num site, pois ser o diferencial hoje em dia “custa”.
Dormientibus non sucurrit jus.
O direito não socorre os que dormem.
POST SCRIPTUM
Parece-me que temos que inventar a roda sempre, quando ela está feita há anos, sempre num looping infinito, gerando ainda mais profissionais operacionais em suas bolhas, mesmo com o multiverso do direito, vive-se cada qual, a sua própria realidade.
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