O direito é uma das ciências sociais mais importantes numa sociedade, na qual suas regras (leis) regulamentam a conduta em conjunto com o Estado e seu Jus Puniendi (direito de punir) a coletividade, ou seja, o povo está acima da sociedade e para repreender condutas que violem tais leis, é aplicada sua pena.
Dentre as ferramentas importantes para sistema normativo dar certo, sem dúvida, é a figura do advogado. Aquele que por meio da permissão do(a) ofendido(a) vem buscar reparação mediante a provocação ao poder judiciário, utilizando-se como fontes as leis. Esse “quase ritual” se perpetua ao longo de décadas, todavia, uma hora, tudo tem o seu fim.
Chegamos à década de 2020 e com o avanço da tecnologia (sei que isso é falado bastante, mas não tem como evitar) que provavelmente transformou a prática forense com sua migração ao mundo digital. A vida durante e agora, “pós pandemia”, deixaram um legado imersivo e líquido, uma versão 5.0 do que já vivemos de modernização do Direito.
E, novamente, se inicia a saga do novo profissional do direito, intitulado “advogado multidimensional”, pois este profissional deve enxergar além do direito, além daquele dogma jurídico de “a lei, o direito resolve tudo”. Esse pensamento está cada vez mais fraco, pois com um mundo cada vez mais conectado, as informações são atualizadas a cada minuto, tanto como a sociedade está moldada num mundo pragmático e objetivo.
Isso torna difícil o direito abranger todas essas novidades que chegam a todo o momento, pois não existe mais tempo para raciocínio prolongado, nem a demora em questionar se a lei está sendo aplicada de forma eficiente ou não. O profissional (advogado) torna-se alguém hábil em todas as ciências, buscando conhecimento além do bê-á-bá do direito, unindo-se a outras formas de resolução, além da tutela do poder judiciário, e inovando em formas da resolução dos conflitos.
Por isso destaca-se que este advogado (a) deve conhecer sobre temas ligados a inteligência artificial, economia, política externas, relações internacionais, meio ambiente, ecologia, marketing, estatísticas, conhecimento de ferramentas de optimização (law techs) entre tantos outros que ainda podem estar aqui. Justamente, acompanhar as transformações que decorrem a todo momento de um profissional capacitado numa certa área, num certo tema, numa resolução na qual a lei vai deixando o seu papel de regulamentação.
Conhecer a prática do Direito tradicional não é mais o ápice de um (a) advogado (a). O mercado demanda de um profissional multidimensional, pois em um sistema de precedentes judiciais, Súmulas vinculantes, jurisprudências e decisões há uma substituição do entendimento arcaico de que “o direito irá resolver os problemas da sociedade”. Na prática, o sistema contemporâneo foi convertido e se você não está preparado para ser um profissional de todas as ciências, você estará fora de sintonia com o mundo atual, e isso quer dizer, que você está off-line na profissão!
“Superesse non potest in praesenti, qui futurum non videt”.
“Não sobrevive no presente aquele que não enxerga o futuro”.
POST SCRIPTUM
A mudança abrupta que o mundo sofreu, infelizmente nos tornará cada vez mais obrigados em busca dos resultados, em aprender sempre o desconhecido, nos tornando cada vez mais pressionados pelo resultado, sempre nos manter na velocidade da luz, deixando de lado o que era para ser sólido, tornando-se líquido.
Leia também: O Multiverso da petição
