Depois de muitos anos na academia, ao final de tudo, sinto-me com um gosto amargo de papel (chamequinho) claro que reciclável!
O que enxergo como acadêmico até então, pois não possuo título de bacharel em direito, porém, é visível que existe uma cisão tanto na maturação acadêmica e despreparo dos próprios acadêmicos em geral, isso conta comigo na lista, pois somos poucos incentivados no campo prático e de pesquisa de artigos, diante disso fui convidado em participar uma live sobre produção de artigos científicos pela OAB-SP JABAQUARA/SAÚDE, que você pode conferir aqui.
Nesta live abordei sobre a questão da ineficácia institucional das faculdades em ir além de um simples aluno matriculado no curso de Direito, e isso não é o resultado esperado no final, a felicidade, cum grano salis, torna-se totalmente sabotada por uma frustração com proporções dimensionais, pois o aluno “crítico” que buscou além da moldura introdutória nos cinco anos do curso, tem uma grande perspectiva de estar perdido.
Essa cisão do mundo prático e acadêmico vem acontecendo de modo líquido para estado gasoso, pois você inicia o curso sabendo nada e sai sabendo 10% dele, pois os resultados obtidos ao longo da carreira são todos “Práticos” por interpretações e abordagens totalmente fora da interpretação e da epistemologia jurídica que aprendemos no curso de Direito, fica aí essa “pequena observação”.
Outra coisa que vejo é uma aceitação totalmente dos alunos na graduação, pois veem o seu professor como um arauto da sabedoria infinita, sendo que este erra também e precisa trocar ideias de quem nunca experimentou e leu, mas leu o livro do mundo, pois quem lê muito absorve conceitos dos outros e para de racionalizar. Assim como descreve em seu livro A arte de escrever:
[…] As pessoas ficam realmente felizes quando podem recorrer não ao seu entendimento e à sua inteligência próprios, de que carecem, mas ao entendimento e à inteligência dos outros. Pois como diz Sêneca: unus quisque mavult credere, quam judicare [qualquer um prefere crer do que julgar por si mesmo]. (SCHOPENHAUER, 1788-1860, p.50.)
E desta forma, coaduna tudo o que foi exposto acima, deixamos de sermos críticos e obedecemos um manual invisível que aprisiona todos os seus instintos de racionalizar, levando a ficar preso numa dogmática tanto acadêmica, levando consigo para uma dogmática mecânica e apelando pela praticidade em fazer as coisas de forma procedural e operacional, inflando o mercado de profissionais abaixo do esperado, pois são cinco anos, certo?
Diante do que foi exposto, o curso de Direito torna-se apenas um curso no qual o diploma e o seu nome lá definem o que você será até o fim da sua carreira, contribuindo para estatística de futuros artigos sob uma crítica ao oceano de bacharéis em Direito no país, sem qualquer qualificação.
Post Scriptum
Pelo que foi experimentado ao longo dos anos, o que levarei desta graduação, será uma autocrítica de eu não ter estudo por fora mais! Triste realidade.
Referências
SCHOPENHAUER, Arthur, 1788-1860, A arte da escrita/Arthur Schopenhauer; tradução, organização, prefácio e notas de Pedro Süssekind, Porto Alegre, editora L&PM, 2017. p.50.
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