O senhor e seu escravo

Ao final do curso de Direito e, praticamente dando adeus para a graduação rumo ao campo de batalha do mundo real, alcunhado de “Práxis forense”, vemos que não só no campo do Direito, mas em outras profissões existe a figura do “Senhor e seu escravo”.

Na dialética[1] do senhor e do escravo, o senhor aparece como a vida e o escravo como um ser para o outro, sendo comparado a uma coisa. O senhor é visto como para si, enquanto o escravo é a ponte entre o senhor e o objeto de seu querer, sendo o escravo uma coisa de seu senhor. “[…] o que o escravo faz é justamente o agir do senhor, para o qual somente é o ser-para-si, a essência: ele é a pura potência negativa para a qual a coisa é nada, e é também o puro agir essencial nessa relação” (HEGEL, 1992, p.131).

Fazendo essa interpretação do que foi exposto acima, é notado que os profissionais se tornam escravo do seu Senhor (dinheiro) e acabam negando-se a si próprio, que para ser reconhecido na profissão é fundamental estudar, aperfeiçoar, ser visto, o profissional que se qualificar perante ao mercado competitivo, no direito, corretagem, entre outras profissões liberais, não será mais o escravo do seu Senhor (dinheiro).

Jogar a culpa de sua frustração nos que buscam ser o Senhor e não o escravo, obter à sua liberdade perante ao mundo. o escravo do seu Senhor (dinheiro) visa apenas à recompensa, o meio sem o seu fim, atestando a sua incompetência em andar em círculos, não buscando soluções teleológicas, fazendo com o que desmotive de certa forma, principalmente profissionais iniciantes na advocacia ou de qualquer outra profissão. Deste modo, torna-se um efeito dominó, gerando um descrédito nas profissões, inclusive no direito.

Vendo por esse espectro, sinto-me perdido e desmotivado para ingressar ao mercado, pois essa filosofia Hegeliana faz total sentido, quando os papéis se invertem, refletem o que CASTRO define: “[…] acaba escravo, porque, acostumado a ser servido, nada sabe fazer. Ele não pode se realizar como autoconsciente porque necessita do outro […]” (CASTRO, 2008, p.92).

Diante do exposto, vejo que a classe profissional não se ajuda, meio que existe uma competitividade negativa, pois o bem sucedido tem a ideia de que ele é o Senhor e não o escravo do seu senhor (dinheiro), pois a consciência dotada de inteligência tem uma visão além da fortuna, e exorta sociedade é paternalista, ansiosa, e preferem ganhos rápidos e fáceis, uma hipérbole, justamente que sem estudo e preparo e leitura de mercado, serão apenas pessoas comuns, servas do seu Senhor até o fim de suas vidas, e não usar esse rancor como uma arma para criar profissionais medíocres dependentes em apenas viver e sobreviver, ser o servo do seu Senhor (dinheiro), servindo de caráter pedagógico em desestimular o exercício da profissão cheio de dúvidas em pleno início de sua carreira no direito, sem mais.

Bibliografia utilizada

HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do Espírito. Tradução de Paulo Meneses com colaboração de Karl-Heinz Efken. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1992. CASTRO,

Susana de. Introdução à filosofia. Petrópolis: Vozes, 2008.

 

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Rafael Souza

Bacharel em Direito pela Faculdade Das Américas (FAM). Membro colaborador da Comissão dos Acadêmicos de Direito da 116a Subseção Jabaquara- Saúde da OAB/SP. Membro Assistente da Comissāo de Direito Constitucional e Filosofia e Argumentaçāo da 116a Subseção Jabaquara- Saúde da OAB/SP. Membro assistente do IGOAI (International Group of Artificial Intelligence) Colunista do Blog Justalks.

O senhor e seu escravo

Ao final do curso de Direito e, praticamente dando adeus para a graduação rumo ao campo de batalha do mundo real, alcunhado de “Práxis forense”, vemos que não só no campo do Direito, mas em outras profissões existe a figura do “Senhor e seu escravo”.

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