“O mundo capota” é a frase utilizada pelo jurisconsulto Evnis Talon em suas postagens para o que você fez, ou faz, tem um retorno não muito agradável futuramente, pois quem planta o caos, caos terá, e vice-versa (interpretação minha).
Trazendo à baila esse pensamento, no dia 03/07/2022, ocorreu o evento chamado “Bienal do livro”, uma grande exposição de livros com mais diversos temas para todos os gostos, sucesso total, cheio de pessoas e leitores assíduos comprando em demasia e consumindo cada página que irão ler em suas respectivas casas, porém, essa não é a realidade.
Devido à “Pós-pandemia” (sim, irei utilizar muitas aspas!), a sociedade num todo ficou muito mais ativa e propensa a comemorações e ir em eventos, festas, etc…, até por um caráter antropológico, estarem sempre em torno de outras pessoas, por questão de sobrevivência e fazerem parte de uma cidade, população, enfim.
Essa ânsia em estar presente em todos os eventos possíveis após esses dois anos e meio de lockdown, ocasionou uma cisão dos leitores com os livros, conforme os dados extraídos do site Agência Brasil1 no qual reporta importantes dados:
O Brasil perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. De 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. Já os não leitores, ou seja, brasileiros com mais de 5 anos que não leram nenhum livro, nem mesmo em parte, nos últimos três meses, representam 48% da população, o equivalente a cerca de 93 milhões de um total de 193 milhões de brasileiros.
As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior – passando de 82% em 2015 para 68% em 2019 -, e entre os mais ricos. Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%.
Isso apenas dados referentes até 2019, ou seja, não houve um recrudescimento desta porcentagem, pelo contrário, foi substituída pelas redes sociais:
O estudo mostra que 82% dos leitores gostariam de ter lido mais. Quase a metade (47%) diz que não o fez por falta de tempo. Entre os não leitores, 34% alegaram falta de tempo e 28% disseram que não leram porque não gostam. Esse percentual é 5% entre os leitores.
A internet e o WhatsApp ganharam espaço entre as atividades preferidas no tempo livre entre todos os entrevistados, leitores e não leitores. Em 2015, ao todo, 47% disseram usar a internet no tempo livre. Esse percentual aumentou para 66% em 2019. Já o uso do WhatsApp passou de 43% para 62%.
A ansiedade teve um aumento significativo, e sua ociosidade foi substituída pelo acesso em redes sociais, como consta nos dados acima, fica evidente que no momento atual, a porcentagem aumentou, e isso não é de ser admirar, pois existem várias formas de leitores hoje em, como: Kinddle, PDF, áudio books, entre outros sistemas de leitura.
Esse descaso para a leitura é pernicioso de certa forma, pois definha as capacidades básicas do aprendizado, como: interpretação de texto, escrita, leitura, domínio sobre as palavras. Tanto é que a Psicóloga Thaiana F. Brotto2 relata uma optimização no uso das redes sociais para realizar outras tarefas no seu dia-a-dia:
Desapegar da internet abre espaço para outras oportunidades na rotina, como idas ao cinema, ao teatro e a leitura de bons livros. Quanto mais entretida a pessoa se sentir e quanto mais qualidade tiver a atividade à qual ela está se dedicando, menos falta da internet ela sentirá.
Para complementar um fato curioso, cum grano salis, esses eventos sāo para leitores, certo? Não seria um guia turístico para curiosos, com o atrativo e finalidade de vender livros para leitores, correto? Teologicamente falando sim, porém adverte Bernadette Lyra3 em seu artigo para a revista A Gazeta, fala que o aumento de leitores diminuiu com base nos dados mostrados acima, e por incrível que pareça, existe um aumento de escritores em contrapartida.
Por questões de direitos autorais o link está disponibilizado para leitura na biografia.
E para finalizar, vemos o quanto dificultoso é implementar politicas públicas, e serem de fato, efetivas. Justamente a educação base e superior, não possuem instrumentos sólidos para um incentivo forte para leitura, forçam apenas que saibam o básico possível, nossa língua é bem complicada em aprender e entender suas regras gramaticais, sem uma base por trás torna-se impossível exortar os alunos e crianças buscarem conhecimento através da leitura e escrita.
Num ritmo avassalador vem a internet e seus canais por meio das redes sociais, tão viciantes como açúcar para o cérebro, no qual roubam seu tempo, sua produtividade e sua saúde mental, do que adianta ter eventos grandiosos com o intuito de incentivar leitores, se apenas serve como evento meramente para passeio? Algo deve mudar, pois o mundo não anda, capota!
“Numquam legi, ut legitur”.
“Ler para nunca serem lidos”.
Bibliografia utilizada
[1]https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-09/brasil-perde-46-milhoes-de-leitores-em-quatro-anos Acesso em: 03 Jul.2022.
[2]https://www.psicologoeterapia.com.br/blog/vicio-em-redes-sociais-e-seus-impactos-no-dia-a-dia/ Acessado em: 3 Jul.2022.
[3] https://www.agazeta.com.br/colunas/bernadette-lyra/o-brasil-e-um-pais-de-muitos-escritores-e-poucos-leitores-0821
[4] Aristotle: Translated into English with Introduction, Marginal Analysis, Essays, Notes and Indices Arquivado em 30 de abril de 2007, no Wayback Machine. (Oxford: Clarendon Press, 1885), Vol. 1 de 2. Ver também aqui Arquivado em 16 de abril de 2007, no Wayback Machine., aqui, aqui Arquivado em 7 de janeiro de 2009, no Wayback Machine. ou aqui Arquivado em 22 de julho de 2013, no Wayback Machine.
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