O mundo jurídico é uma ciência que força apenas a utilização do direito em ser usada e aplicada em todos os campos sociais. Como forma de trazer uma “paz” e segurança jurídica, por meio dos seus “operadores do direito”. Esta terminologia, ao meu ver, é mecanicista e rasa, pois define que profissional do direito apenas como um cumpridor e interpretador da lei, quando na verdade, ele está mais para “Severino jurídico”.
Antes de ir diretamente ao busílis, recomendo ler o artigo do professor Lenio Streck, por sinal, um dos melhores artigos já feitos por ele. Faz uma crítica bastante contundente ao direito e seus profissionais modernizados e viciados nas redes sociais, sendo totalmente dependentes, trazendo improdutividade em seu trabalho, pela falta de foco, causado pelo efeito Tik Tok.
Voltamos ao ponto central do artigo, trazendo essa realidade paralela a base de todo o caos jurídico: o acadêmico de direito, onde ele aprende e retém todo o conhecimento durante longos 5 anos para obter seu título de bacharel em direito, legal né?
Sabemos que o “Capitalismo tóxico” existe, e também adentrou no mundo acadêmico. Instituições que visam apenas cabeças de gado (alunos matriculados em grande escala) a fim de baratear cursos e dando em troca um conhecimento pífio, extremamente precário, sucateado e jogado debaixo do tape do EAD.
O EAD, como descrito em outros artigos, é uma inovação ao alcance de todos, porém, gerando o que é chamado no artigo do professor Lenio, a “FALTA DE PENSAR”, pois é muito cômodo para o aluno assistir quando quiser, e trocar esse seu, digamos “dever-ser” por algo mais acessível naquele momento, pegar no seu smartphone e conversar com aquele contato especial.
Diante disso, geramos um leva de alunos com uma mentalidade despreparada para o nosso cenário jurídico, devido a muitos fatores que contribuíram para essa inconstância de aprendizado e para o próprio emocional do aluno, trazendo à tona o que foi abordado no artigo pela Rachel Melchert, sobre a “Incontinência emocional”.
O aluno(a) escraviza a sua mente em estudos, deixando de lado a sua vida pessoal, pagando um curso preparatório caríssimo para obter uma aprovação no exame de ordem (que resulta em praticamente nada) ainda mais se estiver cursando direito. Sendo que esta preparação, obrigatoriamente seria das instituições de ensino superior, a disponibilizar um curso eficiente para tal propósito, que em tese seria o preparo para o exame de ordem, porém, assim como nos meus 5 anos de curso de Direito, teoria é uma coisa, na prática é bem diferente!
Com os acontecimentos do último exame da ordem XXXIV, onde uma aluna tentou se jogar pela janela, após perceber a dificuldade do exame, sob pressão de falhar novamente, pressão que, a meu ver, toda profissão vai exigir, ainda mais de advogado. Observamos uma falha grande do sistema de ensino, a consequência de tantos cursos de direito aparecendo aos montes, e a baixa qualidade deles. O aluno é jogado na prática e acaba submetendo-se a diversas formas de conhecimento “Fast-food”, numa espécie de jogos mortais, para atingir o seu objetivo, que é a sua aprovação no exame de ordem.
Por este e outros motivos, numa enorme “comoção jurídica” surgiu o “coaching jurídico”. Um mero reflexo do sistema em frangalhos do curso de direito, fornecendo dicas de “Saúde mental” para manter um vida saudável, um sentimentalismo imediatista, apenas para gerar um curso preparatório para a sua mente pré-exame de ordem. Obviamente, separado do curso preparatório para o exame de ordem, com descontos incríveis, pois o direito contemporâneo gosta de incluir novos nichos, como se não tivéssemos muitos hoje.
As redes sociais cada vez mais vem transformando o direito num mercado digital, “empreendedorismo jurídico”, no qual o direito como vemos está desaparecendo aos poucos, reflexo dos mais diversos cursos e forma como o mundo do Tik Tok e redes sociais estão deixando a sociedade dependente de tecnologia. Esquecemo-nos do mundo real e das necessidades da sociedade e que o ensino é sucateado por um sistema EAD banguela e aproveitador do momento “sui generis” para a nossa geração. Acabam por estimular alunos despreparados que não desgrudam das redes sociais, fomentando a comparação entre eles, aproveitando o foco reduzido, forçando sua mente a memorizar 17 matérias para obter 40 pontos, é claro que uma hora iria dar errado.
“Ius per apparatum spirat”.
“O direito respira por aparelho”.
POST SCRIPTUM
Tudo se copia, não se cria, isso chegou ao direito, agora o mercado dos cursinhos preparatórios irá roubar a cena novamente, mais uma vez na frente dos cursos de direito, pois até o coaching estão vendendo agora, e com desconto!
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