A tecnologia cada vez mais desempenha o papel de “transformação” da sociedade, por meio da Inteligência artificial, ocupando seu espaço em diversas profissões e ciências, dentre elas, o Direito.
O exame da OAB é fundamental para aqueles que pretendem obter a carteira profissional – requisito para advogar. É desafiador e também razão de muito debate a respeito de ser justo ou não. Parte-se da premissa de que os cinco anos cursados na universidade seriam suficientes para qualificar o bacharel em Direito tornando-o capaz de conquistar sua carteira profissional para, então, advogar, conforme o Estatuto da Advocacia exige. (Veja aqui)
O que mais se escuta, no entanto, são reclamações dos estudantes sobre o exame da ordem. Inclusive, já foram apresentados no Congresso Nacional diversos projetos de lei propondo o fim deste exame. (Veja aqui)
Muitos enxergam o exame da ordem como uma forma de barrar aqueles que estudaram por anos a fio e ainda precisariam se submeter à provas para demonstrar que aprenderam o que deveriam, durante os anos na universidade. Porém, o exame da ordem, na verdade, apenas tenta aferir se houve realmente aprendizado daqueles estudantes que entraram na universidade com o intuito de serem bacharéis em Direito. Ou seja, o exame da ordem verifica se tais universitários atingiram o mínimo necessário para se tornarem advogados, o que não é nenhuma exigência absurda, nem extraordinária, se a faculdade de Direito realmente ensinar o que se espera.
Felizmente, com o avanço da tecnologia, existe até a possibilidade de realizar um exame da OAB totalmente digital. Quem quiser quebrar as regras, fazer um “gol de mão”, será checado pelo VAR-EXAME OAB, pois a inteligência artificial não falha, nem tarda. Estará sempre presente, de olho naqueles que pretendem burlar o sistema.
Temos quase três milhões de advogados no país. Pouco? Como será a próxima medida tomada pelos organizadores da prova? “Dificultar” ainda mais o jogo para os players? Ou usar o VAR para anular três ou mais questões?
Como é chamado na economia o ceteris paribus [1], neste caso, seria o mesmo que: exame difícil é para quem não aprendeu ou não foi ensinado sobre o que deveria. Em outras palavras: tudo o mais constante, a profusão de péssimas faculdades de direito terá como efeito óbvio a consideração de que o exame da ordem é “muito difícil”.
Se a “dificuldade” do exame da ordem tiver como resultado escancarar a péssima qualidade de muitas faculdades de Direito que proliferam pelo país, tanto melhor para todos nós, estudantes e profissionais. Aguardemos os próximos capítulos.
[1] – Ceteris Paribus é na economia uma indicação abreviada do efeito de uma variável econômica sobre outra. No caso em tela é o efeito que o exame da ordem tem, ou seja, exame difícil significa seleção mais eficiente sobre a qualidade das faculdades de Direito e o sobre o aprendizado dos estudantes.
Donum sapientiae.
A sabedoria é uma dádiva.
POST SCRIPTUM
Parafraseando Rousseau: A sociedade é boa, porém, o capitalismo tóxico a corrompe.