Madness in Law

Sabemos como funciona, conhecemos o modus operandi do judiciário e do legislativo nos tempos atuais: normas de caráter subjetivo elaboradas em função de quem vier a ser beneficiado por elas, juízes aplicando a lei conforme lhes é mais conveniente, de acordo com suas convicções pessoais e não em consonância com o que diz a lei, a hermenêutica sendo usada a torto e a direito para se chegar à conclusão mais favorável a quem se quer beneficiar… Na esteira do judiciário correm filas de ações em busca de um lugar ao sol, esperando serem vistas e julgadas conforme o objeto de seu pedido, sem sofrer um revés que transforma o que foi pleiteado e altera suas ponderações.

O mundo se torna cada vez mais “codificado” e o papel do advogado, mais difícil de ser desempenhado, justamente por haver um conflito subjetivo-objetivo do legislador em demonstrar qual é, afinal, o objetivo da lei que criou. E nos perguntamos: quais foram os critérios utilizados para a construção desta lei? Interesses próprios? A “voz das ruas”? Ou modelos suis generis de se elaborar normas de forma Ad Hoc?

Adaptando Sócrates, diria que ‘só sei que nada sabemos’.

A loucura do nosso tempo está explicitado na música de Charles Bradley:

“This world

Is going up in flames

And nobody

Wanna take the blame (…)

 

Tradução

Este mundo

Está em chamas

E ninguém

Quer assumir a culpa (…)

 

Pelo que vemos, ninguém quer realmente assumir suas falhas, deixando seu dever cívico e institucional para um só poder que governa, julga, cria. E a democracia onde fica? Qual o sentido de ficarmos neste fogo cruzado jurídico e hermenêutico?

Seremos realmente engolidos pela Matrix do direito? Esse tema será pautado em breve, demonstrando os efeitos resultantes do incentivo à fabricação de medidas nada democráticas e das tomadas de decisões com o objetivo de “estancar aquela sangria”. E depois? Vamos deixar a IA (inteligência artificial) dominar-nos completamente, nos tornando reféns da tecnologia, como em quase todas as áreas?

A involução é evidente. Darwin entraria em colapso vendo sua teoria se tornar uma distopia. Autores como Orwell e Huxley seriam os novos cientistas com um Nobel post mortem para cada um.

Atualmente, ao observarmos a atuação de causídicos, médicos, engenheiros, ou de qualquer outra profissão, percebemos a supressão do senso crítico e a incapacidade de resolvermos nossos próprios conflitos. O conhecimento adquirido por qualquer um de nós, ao longo da vida, acaba se tornando obsoleto.

Há quem prefira assistir a um reality show que aprisiona mentes pueris em seu próprio mundo. Essa decisão acarreta, para o mundo real, no qual vivemos, a transformação da democracia, mutatis mutandis, em um grupo secreto do WhatsApp, onde só participam aqueles que têm interesse de trazer de volta um sistema tomado pela loucura para, quiçá, nos curar desta onda de insanidade. Afinal, se os opostos se atraem, quem sabe, os iguais se repilam nos livrando de tantos delírios.

 

“fides quaerens intellectum”.

“fé em busca de compreensão”.

 

POST SCRIPTUM

Novos capítulos estāo por vir. Em breve jogaremos tomates em nossas smart tvs enquanto passa no Senado a aprovação de uma lei criada sem consulta ao povo, pois o que importa é quem será eliminado no reality show. #loucurasim

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Rafael Souza

Bacharel em Direito pela Faculdade Das Américas (FAM). Membro colaborador da Comissão dos Acadêmicos de Direito da 116a Subseção Jabaquara- Saúde da OAB/SP. Membro Assistente da Comissāo de Direito Constitucional e Filosofia e Argumentaçāo da 116a Subseção Jabaquara- Saúde da OAB/SP. Membro assistente do IGOAI (International Group of Artificial Intelligence) Colunista do Blog Justalks.

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