O advogado de papel

Conforme a sua aprovação no exame de ordem, o profissional do direito entra em um mercado competitivo, necessitando aperfeiçoar-se com diversos cursos, atualizações do mercado, e por fim, vêm os diplomas e reconhecimentos. Contudo, mesmo sendo bastante positivo ao ponto de evolução, isso também pode gerar uma armadilha gigantesca, pois em alguns casos leva a acomodação, e quem se acomoda, para no tempo.

O mercado possui uma elevada concorrência, e aqueles que vivem apenas em adquirir conhecimento, títulos e mais títulos, acabam esquecendo o “buzines” do networking, transmitir seu conhecimento em palestras, comissões, livros, televisão, rádio, TV, e claro as redes sociais, grande fonte de informação líquida.

É interessante que o profissional do direito almeje obter seus títulos, mas o foco deve ser voltado ao mercado e suas atualizações, mantendo bom networking, ser visto e lembrado, até porque profissionais liberais vivem de uma base de clientes (essencial para a advocacia) não apenas diplomas e mais diplomas nas paredes. Pois, no que tange a vida real, seus clientes não se importam se você é formado pela NASA, desde que resolva os seus problemas.

A realidade jurídica é muito mais do que apenas sonhar e comemorar algo supérfluo como uma aprovação. Este é o primeiro passo, é dai que você começa a lutar pelo seu espaço e reconhecimento profissional. Todos que iniciam a advocacia sabem como é dificultoso nos primeiros anos, não havendo um preparo e consciência disso, as chances de fracasso são enormes.

O mercado saturado em 1,5 milhões de profissionais, sendo que parte deles possui mais tempo que você já atuando e construindo suas carreiras, mostra que é ineficaz pensar em títulos no momento do “inicio da corrida” da prática do Direito, e sim angariar clientes e ser reconhecido pelos êxitos.

A maior dificuldade é sempre manter um equilíbrio, pois focar demais em um objetivo e esquecer os outros, é tornar-se desconhecido para o ramo profissional que atua. Imagine que os potenciais clientes que não sabem quem você é, onde atua, como você atua, quais são suas estratégias, seu relacionamento interpessoal, sua abordagem, quem é o profissional por trás dos títulos? Eu não sei e, portanto, seus clientes também não sabem.

O que presencio na práxis forense são advogados operacionais, ou acomodados onde estão simplesmente desfrutando seu status quo e dali permanecem, sem um desafio, uma forma de inovar, e dali serão engolidos pelo mercado, se acostando nos quadros de seu escritório, até porque o mercado jurídico vem evoluindo bastante no que tange ao avanço de tecnologias, sistemas de proteção de dados, inteligência artificial, e a junção de todas as outras ciências.

Aqueles que buscam apenas em se manter apenas com títulos terão um futuro desconhecido, de elevado custo, pois normalmente não valerá nada estar nas sombras, quando o intuito do conhecimento é sair delas, é tirar as pessoas do caminho da ignorância. Ninguém saberá quem é o advogado de papel, se não foi visto em lugar nenhum.

 

PIGER IPSE SIBI OBSTAT (SÊNECA)”.
“O preguiçoso é um obstáculo a si mesmo”.

 

POST SCRIPTUM

 

O mercado é altamente competitivo, se não fomos advogados multidimensionais, nessa escassez de pessoas multidisciplinares, você será ignorado, deixado de lado, ficará apenas com o seu saber, esperando que alguém saiba o quanto foi duro obter aquele conhecimento, e o quanto será penoso em saber que ninguém te conhece.

 

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Rafael Souza

Bacharel em Direito pela Faculdade Das Américas (FAM). Membro colaborador da Comissão dos Acadêmicos de Direito da 116a Subseção Jabaquara- Saúde da OAB/SP. Membro Assistente da Comissāo de Direito Constitucional e Filosofia e Argumentaçāo da 116a Subseção Jabaquara- Saúde da OAB/SP. Membro assistente do IGOAI (International Group of Artificial Intelligence) Colunista do Blog Justalks.

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