A aprovação no exame de ordem é o objetivo final após cinco longos anos (ou até antes), algo maravilhoso, pois o aluno chega ao ápice durante esta jornada de tantos anos se dedicando nos estudos. Inúmeros cursos a torto e a direito, que na prática não passam nem de 20% do que o aluno necessita saber. No que tange a sua pós-vida acadêmica (ou no meio dela) diversos estudantes acabam por contratar cursinhos preparatórios, criando um sistema ad hoc de conhecimento, porém porque a necessidade em comprar cursos para ensinar o conteúdo nos 5 anos que você pagou (foi bolsista) ou ganhou um bilhete premiado para estudar Direito, certo? Errado!
Com a pandemia e suas diversas fases que surgiram, e ainda surgem, recorremos ao sistema EAD que, em sua maioria, os cursos preparatórios são os melhores em todos os requisitos para quem realiza o exame da ordem (por incrível que pareça). São superiores ao curso gradual de Direito em EAD, o que chega a ser “bizarra” a diferença de conteúdo, levando a crer que existem dois cursos de Direito paralelos, uma espécie de “multiverso de conteúdo”.
Recentemente foi feito um levantamento da percentagem de aprovações nos anos de 2017 a 2019, pré-pandêmico, e os números são bastante claros demonstrando essa alta demanda de cursos de Direito pelo país, e sua qualidade abaixo do razoável, sendo traduzido em números, como demonstra na matéria no link abaixo:
Outro aspecto prejudicial à qualidade do futuro advogado são os cursos chamados “caça-níqueis” que apenas visam o lucro e grande demanda de alunos. Conforme o a procura pelo modelo EAD, o MEC cada vez mais libera cursos e cursos de Direito, gerando ao fim de cinco anos milhares de bacharéis em Direito com um conhecimento básico que nem chega a 20% do aprendizado na práxis forense, como aponta o artigo de 2020 feito pelo portal jurídico JOTA, link da matéria abaixo:
Juntando todos esses dados, entende-se que a aprovação no exame de ordem é uma conquista efêmera, pois o mercado está saturado de advogados, mais de 1,5 milhões de advogados no país. Grande parte destes novos aprovados no exame ainda não são bacharéis, sendo um requisito fundamental ter o diploma para ingressar em sua inscrição nos quadros da OAB. Além do que há o valor da anuidade e inscrição, que é nada barato para quem inicia a sua carreira, sendo um dos fatores negativos, entre tantos outros, para quem inicia a advocacia num Estado como Sāo Paulo, pois a concorrência é enorme.
Portanto, um dos deveres de quem iniciará na advocacia será sempre manter-se atualizado, buscar parcerias, networking, sempre estar presente e visto em eventos e palestras, e buscar, a todo o momento, pesquisar métodos mercadológicos, áreas que necessitam mais de um profissional, pois o Direito além de exigir um profissional muito bem qualificado, também tem que obter resultados, em tempos de pandemia.
O mundo digitalizado possibilita inúmeros recursos para a atualização profissional como, cursos EAD, audiências, cursos e palestras online, além de aprofundamentos em áreas não relacionadas à prática como reuniões, marketing digital e investimento em estratégia de mercado, gestão de escritório, oratória. Todo este aparato da tecnologia auxilia na tomada de decisões que abraçam o ativismo judicial, decisões que o juiz da sem ao menos ler a sua tese, estará você nesse mundo, sendo o mais novo advogado(a) no meio de milhares de advogados experientes, ter esse “jogo de cintura”, será necessário na evolução e sobrevivência de sua carreira.
Importante saber a sua área de atuação, recomendável para quem quer se aprofundar na prática forense, é necessário realizar estágios em escritórios, entender como funciona o poder judiciário e suas nuances, decisões, descaso, falta de interesse, pois um recurso que leva 8 horas para ser feito com todo cuidado e atenção, o relator nem irá ler nem três parágrafos dele, trazendo uma insatisfação pessoal, como já vi acontecendo na vida real, então se preparem jovens recém-advogados, porque o grande sonho da aprovação no exame de ordem se torna num pesadelo eterno.
“Somnium non te experiuntur”.
“O sonho nāo faz se tornar experiente”.
POST SCRIPTUM
O maior bolo de todos que eu e os demais levamos nesses últimos cinco anos, foi que pagamos de alguma forma, dinheiro, tempo, para que possamos adquirir conhecimento através do curso gradual de Direito, porém, todavia, no fim temos que pagar mais ainda, e acrescentamos mais velinhas no bolo.